Eis o panorama atual: se continuarmos no mesmo ritmo, em 2030 o Brasil baterá o recorde de 100 milhões de toneladas de lixo por ano. O número é assustador, concorda? Mas infelizmente é a realidade, já que em 2018 o Brasil produziu uma média de 79 milhões de toneladas de lixo.
O panorama do descarte no Brasil
Ao olharmos os números, a realidade do descarte do plástico no Brasil não é muito fácil de encarar. Das 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos produzidos por ano, 13,5% são de polímeros, de acordo com a SELURB (Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana).
Isso nos leva diretamente ao posto de quarto maior produtor de lixo no mundo, com 11,3 milhões de toneladas de plástico por ano – o que torna um quadro de reversão cada vez mais difícil.
“O lixo é uma narrativa sobre pequenos hábitos cotidianos de uma sociedade, é reflexo do que somos e do que temos” – e como chegamos até aqui?
Brasil e a produção de lixo de plástico: uma história perigosa
A primeira fábrica de poliestireno (material bastante comum na produção de copos plásticos e espuma) no mundo foi fundada em 1949, em São Paulo: a Bakol S.A.
A chegada da indústria de plásticos era sinônimo de modernidade e esta possibilitava, também, a redução dos custos de produção, principalmente de bens manufaturados de consumo doméstico e pessoal, como sapatos e embalagens.
Desde então, diversos setores do mercado incorporaram o material plástico: desde a chegada das garrafinhas PET até às fraldas descartáveis, lançadas pela Johnson & Johnson.
A cultura dos descartáveis é, então, concretizada de fato na década de 1990, com o aumento das importações brasileiras de produtos de bens de consumo oriundos de um país que viria a ser um dos maiores importadores anos depois: a China.
Com a aceleração da entrada dos fornecedores chineses, a produção de plástico chegou a R$ 53,83 bilhões em 2011, de acordo com dados da ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico).
A grande questão aqui, no entanto, é que essa enorme quantidade de plástico produzida não é devidamente tratada e é essa a fórmula que leva o Brasil a ocupar o topo mundial quando o assunto é lixo de plástico.
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Caminhos possíveis?
Em 2010, foi criada a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), a fim de reduzir o impacto de resíduos sólidos no meio ambiente. A partir disso, foram criadas uma série de metas para gerenciamento ambiental a serem cumpridas em todo o país.
Em algumas cidades, já existem, inclusive, políticas próprias: a cidade do Rio de Janeiro baniu, desde 2018, os canudinhos. Em cidades como Arraial do Cabo é proibido utilizar materiais de plástico na orla das praias.
Além disso, em março de 2019 o Ministério do Meio Ambiente lançou o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar (PNCLM). Ainda sob o governo de Jair Bolsonaro, foi assinada a emenda da Convenção de Basileia (no contexto da COP-14) sobre o controle transfronteiriço de resíduos plásticos.
Ressaltamos, ainda, que falar sobre o problema do plástico é reconhecer a necessidade de fortalecer e ampliar o debate sobre o acesso à água, ao saneamento básico, à coleta seletiva em todos os pontos da cidade – questões essenciais para a sobrevivência humana.
Por fim, vale lembrar que o problema do plástico é um problema da sociedade como um todo. Por isso, sempre que puder, se envolva nas questões, busque as entidades que propõem o diálogo sobre essas questões e cobre as autoridades.
Nosso consumo é um manifesto!