Somos uma grande comunidade, e o processo de globalização deixou isso óbvio. Multinacionais, aviões, internet e redes sociais, estamos mais próximos do que nunca. E mesmo cansados de saber que a Terra é redonda, descobrimos que ela tem margens. Então quer dizer que se andarmos até a “beirada” podemos cair? Não exatamente. Vamos te explicar!
Vivemos na era virtual, onde conceitos como “web 3.0” e “metaverso” estão sendo discutidos a todo vapor, ainda existem diversas pessoas que não possuem acesso ao mínimo para sobreviver. Segundo o recente relatório da ONU, 1,2 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza.
A pobreza está presente em todos os lugares do planeta, mas existe um desequilíbrio nesses números. Há uma diferença geográfica, étnica e racial na distribuição das riquezas – e da falta dela também. E não precisa ir longe: uma breve volta na sua rua ou no seu bairro é suficiente para notar que a má distribuição de renda afeta as pessoas pretas mais severamente.
“Imagina você acordar todos os dias tendo consciência que talvez não exista mais planeta e as pessoas que conhecemos, que a sua galera serão as primeiras a morrer. Quando a gente olha para as enchentes de Petrópolis, que resultou em 233 mortes, podemos ver que existe uma predominância na cor dessas pessoas e são as pessoas pretas”, desabafa Amanda Costa, militante climática, no podcast Planeta CIVI-CO.
Sim, mas e o clima?
É um exercício de observação profunda, se for possível, use até uma lupa. O racismo é um problema estrutural e age em todas as camadas da sociedade. Além de impedir o acesso das pessoas aos bens materiais, ele também as privam de espaços e até da produção intelectual.
Então podemos dizer que o racismo ambiental está atrelado a especificidades, como as que dizem respeito à origem geográfica, sociais e culturais dos indivíduos. Pois os impactos climáticos têm cor, gênero e lugar.
E em nossa sociedade, motivada pelas relações de consumo, as periferias e as populações tradicionais são as que menos consomem e as mais afetadas pelas consequências das alterações climáticas, que não priorizam o bem-estar dessas populações vulnerabilizadas.
É necessário saber de onde vem…
Sim, o racismo climático é culpa sua! Nossa culpa! Em um mundo globalizado, a culpa também é globalizada. Não é só o dinheiro que paga o que você consome, mas o suor e até o sangue de muitas pessoas, na maioria pretas e vulnerabilizadas, são moedas de troca no modelo capitalista.
Por isso é bom saber a procedência, a logística e os meios de produção dos produtos consumidos. Só assim será possível construir uma relação sustentável e mais responsável socioambientalmente.
As métricas ESG têm sido adotadas como parâmetros de segurança, para determinar a procedência e transparência das empresas. É necessário priorizar os produtores primários e agrosustentáveis, como as cooperativas, associações, comunidades extrativistas, indígenas e quilombolas. Que muitas vezes são as vítimas do racismo climático.
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E para onde vai
Se preocupar com o descarte correto dos resíduos também impacta diretamente nas questões climáticas e nas populações vulnerabilizadas. Por isso o lixo é considerado um dos maiores problemas ambientais da nossa sociedade.
A população e o consumo per capita crescem e, junto com eles, a quantidade de resíduos produzidos. Na maioria das vezes, o lixo não é descartado de maneira correta e pode resultar em diversos problemas:
- Alagamentos e inundações
- Aumento da poluição
- Aumento da produção de gases
- Desperdício de recursos públicos
- Obstrução de vias públicas
- Transtornos com saúde pública
Um futuro
Ainda de acordo com o relatório da ONU, o planeta vai esquentar 1,5ºC uma década antes do previsto. As temperaturas estão subindo mais rápido do que previsto e eventos e desastres climáticos extremos serão mais frequentes.
Por isso é nosso dever fazer nossa parte e promover uma justiça climática para 56% da população brasileira que já está sofrendo diretamente com os efeitos do aquecimento global no seu cotidiano, e não são representadas nas políticas públicas sobre o tema e no processo de tomada de decisão.
É necessário construir um futuro sustentável e inclusivo, ouvindo essas pessoas e trazendo suas vivências inviabilizadas para o centro da discussão, assim como fez a COP 26 ao dar protagonismo para indígenas e moradores de comunidades periféricas.
Não existirá amanhã sem colaboração e diversidade. Junte-se a nós na luta antirracista em todas as esferas!
*Texto escrito com muito carinho pelo time de comunicação CIVI-CO