Dizem que quando nasce um filho, nasce uma mãe. É curioso que nunca dizem que também nasce um pai. Mas se olharmos mais a fundo, entenderemos mais por que ninguém diz isso.
É porque um pai, na sociedade em que vivemos, infelizmente “pode” escolher não ser pai. E mesmo que ele tenha colocado seu nome na certidão de nascimento do próprio filho, ainda há uma distância enorme entre ser um pai ativo.
Paternidade Ativa
Ser pai ativo é um trabalho, uma decisão tomada. Não deveria ser, afinal, filhos deveriam ser criados por pais e mães sem distinção nenhuma, exceto, claro, pela amamentação. Mas ainda assim, muitos pais se privam (e privam seus filhos) da beleza que é estar disponível emocionalmente.
Por outro lado, se olharmos para como os meninos são criados em nossa sociedade, é fácil perceber como que estamos presos nesse círculo vicioso. Uma vez que os meninos não são tradicionalmente incentivados a brincar de casinha, de cozinhar… muito menos têm bonecas ou filhos. Como se aprende a ser pai, se não se brinca de pai na infância?
São motivos como esse que nos trazem a 2020, com uma necessidade ainda imensa de falarmos que é necessário quebrar o tabu do “pai que ajuda”, porque pai não deve ajudar.
Deve criar. Criar junto. O pai não é um ajudante, tampouco um assistente, e muito menos “está de babá”. Ele é pai e pronto.
Quando quebramos esses paradigmas, conseguimos libertar o homem para ser livre. Para ser um pai que está disposto a dar afeto aos seus filhos, e também a receber afeto.
O afeto pode ser algo revolucionário. Ainda mais para homens que passaram a vida inteira ouvindo que não podiam chorar e muito menos demonstrar fraqueza.
Uma escolha cheia de desafios
É, portanto, na paternidade, que muitos de nós, homens, temos a oportunidade de aceitar o convite, abrir a porta e renascer. Porque se quando nasce um filho, não apenas um pai deveria nascer, e sim um homem deveria renascer completamente.
Mas esse é apenas o início da jornada, uma vez que abraçar a paternidade e se transformar enquanto homem é algo que pode parecer lindo e poético no texto. Mas na prática é cheia de desafios.
Um desses desafios é entender que não se trata apenas de criar um filho. Mas de dividir os cuidados de toda a casa com sua parceira (ou parceiro). É entender que um pai não deve apenas saber quanto pesa o filho, o tamanho do sapato, os remédios que toma, mas também deve saber o que está faltando na despensa, e se é preciso comprar materiais de limpeza.
Esse homem precisa começar a repensar seus próprios hábitos, para cuidar da sua própria saúde e da própria família. Sabe aquele estereótipo do homem macho que nunca vai ao médico? Esse cara já deveria estar no passado. Por isso que é inevitável que, dentro de uma paternidade ativa, o homem não pense em como ele come e se relaciona com seu próprio corpo. Que tipo de alimentação ele quer oferecer para si e seus filhos? E que tipo de preocupação com o mundo ele deve ter, já que filhos são do mundo? Deveríamos utilizar produtos de limpeza que ajudam ou atrapalham a vida no mundo?
Se você, pai, está lendo esse texto até aqui e já está se sentindo cansado só de ler isso tudo, parabéns! Você está mais perto de entender e praticar o que é uma paternidade ativa e real.
Não feche essa porta.
Texto por Thiago Queiroz, Paizinho Vírgula para o blog da Positiv.a